28 de junho de 2012

Perda de heterozigosidade do gene PTCH em ameloblastoma


Você tem interessem em saber mais sobre ameloblastomas? 

O ameloblastoma é uma neoplasia benigna localmente agressiva derivada do epitélio odontogênico, com altas taxas de recorrência. Alterações na via de sinalização Sonic Hedgehog, incluindo mutações do gene PTCH, foram associadas à patogênese de alguns tumores odontogênicos. Um estudo publicado em agosto de 2012 avaliou a perda de heterozigosidade no locus PTCH no ameloblastoma. Doze ameloblastomas foram incluídos e a perda de heterozigosidade foi avaliada usando 3 marcadores de microssatélites (D9S252, D9S127 e D9S287) e 3 SNPs (rs112794371, rs111446700 e rs357564), todos localizados no locus do gene PTCH. Além disso, foi investigado os níveis de transcrição GLI1 e GLI2 por PCR em tempo real em 8 ameloblastomas e, concomitantemente, níveis de proteína PTCH por análise imuno-histoquímica. A perda de heterozigosidade em 9q21.33-9q.31 foi detectada em 4 (40,0%) de 10 casos informativos de ameloblastoma. Todas as 8 amostras analisadas expressaram RNA mensageiro GLI1 e 7 casos RNA mensageiro GLI2. Curiosamente, a perda de heterozigosidade no locus PTCH não foi correlacionada com os níveis de transcrição GLI1 ou GLI2, nem houve correlação com a expressão da proteína PTCH. Em conclusão, os achados sugerem que a perda de heterozigosidade na região 9q21.33-9q.31 pode ser relevante para a patogênese do ameloblastoma, mas pode afetar um gene diferente do PTCH.

Leia o estudo completo:

  1. Farias LC1, Gomes CC, Brito JA, Galvão CF, Diniz MG, de Castro WH, Bernardes Vde F, De Marco LA, Gomez RS. Loss of heterozygosity of the PTCH gene in ameloblastoma. Hum Pathol. 2012;43(8):1229-33.






4 de junho de 2012

Ensaio clínico com erro metodológico leva a conclusões equivocadas.

Os autores do artigo abaixo realizaram ensaio clínico e randomizado sobre a eficácia e segurança do uso tópico de uma pasta contendo Amlexanox no tratamento do líquen plano erosivo, e fazem uma conclusão precipitada. Leia a crítica clicando aqui.

  • Fu J, Zhu X, Dan H, Zhou Y, Liu C, Wang F, Li Y, Liu N, Chen Q, Xu Y, Zeng X, Jiang L. Amlexanox is as effective as dexamethasone in topical treatment of erosive oral lichen planus: a short-term pilot study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2012;113(5):638-43.

29 de abril de 2012

Ceratocisto Odontogênico

Você tem interesse em saber mais sobre o ceratocisto odontogênico? Então assista ao vídeo abaixo.


28 de abril de 2012

Mudando os paradigmas da educação formal

Este vídeo do canal da RSA no youtube é uma adaptação de uma palestra do Sr Ken Robinson, especialista em educação e criatividade, de renome mundial, e destinatário do prêmio Benjamin Franklin da RSA. Se você tem interesse em educação, assista. 


26 de abril de 2012

Distúrbios hemorrágicos e o tratamento odontológico


A hemostasia é um processo fisiológico complexo, que envolve mecanismos físicos (contração vascular) e químicos (liberação de mediadores relacionados à coagulação). Os pacientes com desordens hemorrágicas podem apresentar defeitos em qualquer um desses mecanismos. O manejo do paciente que apresenta distúrbio hemorrágico depende, portanto, da etiologia dessa condição.
A trombocitopenia é um importante distúrbio relacionado à coagulação, caracterizada pela redução do número de plaquetas no sangue. Quando a quantidade de plaquetas é inferior a 150.000/mm³ diz-se que o indivíduo apresenta trombocitopenia (ou plaquetopenia). Pacientes com trombocitopenia possuem maior tendência a apresentar fenômenos hemorrágicos (hemorragias). A trombocitopenia tem como característica clínica o sangramento muco-cutâneo. O sangramento geralmente envolve pequenos vasos superficiais e produz petéquias na pele ou em mucosas. A trombocitopenia pode ter diversas causas: trombocitopenia induzida por drogas, insuficiência da medula óssea, hiperesplenismo (aumento de volume do baço que pode resultar em seqüestração e destruição das plaquetas), púrpura trombocitopênica imunológica (PTI), púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), dengue, quimioterapia e/ou radioterapia, álcool e trombocitopenia relacionada com a síndrome da imunodeficiencia adquirida (SIDA). Alterações genéticas que acarretam trombocitopenia são raras.

Todos os pacientes odontológicos devem ser avaliados em reação a possíveis distúrbios hemorrágicos rotineiramente. Na história pregressa do paciente buscam-se informações sobre a presença de equimose facial, ocorrência de epistaxe, sangramento menstrual intenso, história de sangramento intenso após traumatismo ou cirurgia, inclusive odontológica, e levantamento da história familiar sobre distúrbios hemorrágicos. Além disso, o histórico sobre uso de medicamentos que influenciam na coagulação sanguínea e abuso de drogas deve ser investigado. No exame físico extra-bucal, o profissional deve avaliar se há presença petéquias ou equimose. Já no exame físico intra-bucal, atenção dever ser dada a presença de pétequias e equimoses na superfície da mucosa bucal, sangramento gengival espontâneo ou à sondagem periodontal. Quando houver suspeita de alguma alteração relacionada à coagulação, deve-se proceder a avaliação laboratorial, através de exames de contagem de plaquetas (presente no hemograma), tempo de sangramento, tempo de tromboplastina parcial (TTP) e tempo de protrombina  (TP).

Para os pacientes sem alterações dignas de nota à anamnese, no exame físico e nos exames laboratoriais, o tratamento odontológico deve ser realizado no esquema habitual. Já para aqueles pacientes em uso de medicamentos anticoagulantes ou ácido acetilsalicílico (AAS), com distúrbios hemorrágicos conhecidos, como a trombocitopenia, o tratamento odontológico eletivo deve ser evitado e a consulta com o médico é obrigatória.

Nos casos em que o tratamento odontológico não pode ser adiado, emprega-se a transfusão de plaquetas, feito por meio das unidades plaquetárias; cada uma dessas unidades que elevará a contagem dessas células em cerca de 10.000/mm3 e deve ser realizado cerca de 20 minutos antes do procedimento proposto.

No que se refere à administração de medicamentos, também é importante evitar a administração de drogas que possam comprometer a função das plaquetas restantes. O AAS e medicamentos que contenha o AAS são os principais responsáveis por esse comprometimento.


Literatura sugerida


  • Henderson JM, Bergman S, Salama A, Koterwas G. Management of the oral and maxillofacial surgery patient with thrombocytopenia. J Oral Maxillofac Surg. 2001, 59(4):421-7.
  •  Levy JH, Dutton RP, Hemphill JC 3rd, Shander A, Cooper D, Paidas MJ, Kessler CM, Holcomb JB, Lawson JH; Hemostasis Summit Participants. Multidisciplinary approach to the challenge of hemostasis. Anesth Analg. 2010, 110(2):354-64.
  • Sonis ST, Fazio RC, Fang L. Princípios e prática de medicina oral. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1996. 491p. 

Autora: Renata Resende (renatagresende@yahoo.com.br)

23 de março de 2012

Perda de Heterozigosidade e Leucoplasia

A perda de heterozigosidade (loss of heterozygosity; LOH) é um fenômeno biológico resultante de variações ambientais e/ou genéticas como instabilidades genômicas, incluindo não disjunção mitótica e recombinação, perda cromossomal, mutação e deleção do DNA, translocação e conversão gênica. Os estudos de LOH identificam mudanças na dosagem de um alelo heterozigoto em relação ao outro alelo, em diferentes loci (ver figura abaixo). A análise em neoplasias é geralmente conduzida com amostras pareadas normal/tumor. Esta análise identifica regiões de LOH examinando alterações no status genômico de células normais com células tumorais do mesmo paciente. Se a LOH acontece em um gene supressor de tumor e o alelo remanescente sofre mutação, deleção ou silenciamento genético, este evento leva a célula ao estado de hemizigose (uma alelo deletério e um deletado) ou homozigose para o alelo deletério. A consequência deste estado pode ser a inativação da função supressora de tumor, contribuindo para o desenvolvimento de câncer ou metástase. Identificação de regiões de LOH aumenta o entendimento dos mecanismos de formação de tumores, podendo facilitar o desenvolvimento de marcadores de prognóstico genético e de alvos terapêuticos.
Atualmente, técnicas moleculares bem estabelecidas e rotineiramente usadas para examinar LOH incluem hibridização genômica, hibridização fluorescente in situ e reação em cadeia da polimerase (PCR). Esta última abordagem analítica é baseada na amplificação por PCR de sequencias polimórficas em locais estratégicos do genoma (marcadores genéticos) utilizando iniciadores fluorescentes, seguido de análise dos picos do eletroferograma que foram gerados pela presença dos produtos fluorescentes da PCR (ver figura abaixo).
Leucoplasias orais apresentam com frequência LOH em alguns genes supressores de tumor. Esta alteração é encontrada com maior frequência nas leucoplasias com displasias ou atipias epiteliais intensas em comparação com as lesões sem atipia. Lesões que exibem LOH em vários marcadores genéticos apresentam maior probabilidade de transformação maligna. Entretanto, na análise individual, os marcadores genéticos não são confiáveis como ferramentas para diagnóstico, porque mesmo lesões sem LOH podem sofrer transformação maligna. É curioso também que a mucosa normal adjacente a leucoplasia ou ao carcinoma pode também exibir LOH.

Figura. Curvas representativas da análise de perda de heterozigosidade (LOH). O tecido normal é heterozigoto e apresenta dois picos (1 e 2) referentes a presença de dois alelos (a). As células tumorais que apresentam LOH exibem perda de uma dos picos (b) ou redução de um deles (c). Uma alteração na relação: (altura alelo 1 normal/ altura alelo 2 normal) / (altura do alelo 1 tumor/altura do alelo 2 tumor)  que seja  <0 .66="" ou="">1.5 é considerada LOH. 

Leitura complementar:
  • Rosin MP, Cheng X, Poh C, Lam WL, Huang YH, Lovas J, Berean K, Epstein JB, Priddy R, Le ND, Zhang L. Use of allelic loss to predict malignant risk for low-grade oral epitelial dysplasia. Clin Can Res 2000;6:357-362.
  • Smith J, Rattay T, McConkey C, Helliwell T, Mehanna H. Biomarkers in dysplasia of the oral cavity: A systematic review. Oral Oncology 2009;647-653.



Autores:
Marina Gonçalves Diniz (marinadiniz@gmail.com)
Ricardo Santiago Gomez (rsgomez@ufmg.br)